Medo

Com o passar do tempo fui tomando mais consciência das minhas acções, das minhas omissões. Fui tentando perceber porque fugia antes de tentar, porque me fechava em vez de me abrir. MEDO. Sempre o medo. Tantas vezes repeti para os amigos, familiares que o medo nos prende, nos amarra e eu própria cortava as minhas asas.
Fiz algumas tentativas de coragem, tentei ser diferente. Soltar-me, lançar-me no vento, mas custa-me sempre tanto... Mas consegui! Talvez nunca tenha sentido tanta vontade de dar tudo, de avançar, derrubar todos os obstáculos para chegar lá, como agora. E mesmo desta vez durante tanto tempo fechei-me em botão, deixei-me estar bem agarrada à terra, sentindo as gotas de água que me regavam todos os dias. Mas, numa tarde de sol deixei-me abrir, deixei-me florir, senti vontade de mostrar todas as minhas pétalas, toda a minha cor, para que me vissem e colhessem, por inteiro. Desta vez queria ser diferente. Fiquei confiante que o medo, não venceria, em nenhum das partes, não haveria medo, nem nada que travasse a vontade de uma mão me tirar da terra que me prende. Desta vez correria tudo bem.
Bastou querer...
É o pior dos sentimentos. Quando se quer, quando nos desnudamos, quando nos mostramos por completo, quando finalmente revelamos o que sentimos, o que queremos e nos dizem, com medo, que não é possível.
Por isto mesmo é que sempre vivi com medo.
Vou voltar a fechar-me, vou sentir apenas a chuva por fora.
Vou continuar a viver com medo...

3 Vizinho(s) mais amarelo(s):

Anónimo disse...

n faças isso...
entendo o k sentes, o k falas, do k tens medo...

n te feches...tenta n viver com medo, n te sei dizer como, pois tb eu procuro essa resposta.

o pior dos medos é n podermos ajudar quem mais amamos, e termos medo de perde-los

a.n.

m.a.r.o. disse...

Quando escreves assim, contas a tua história e contas também a minha... e o teu medo, o que perdeste e que agora se fecha de novo sobre ti, parece tanto o meu... o mesmo medo que me rouba centímetros a cada segundo que passa...
Perder o medo, nas vezes em que o venci, mostrou-me que é possível viver sem ele... e apesar de estar de novo capturado, refém das minhas próprias figuras, das minhas próprias raízes... continuo a crescer, continuo fraco mas a fortalecer, mas contudo a merecer todo o tempo que a terra me conseguir prender...
E as vezes que me mostrei, as vezes que com medo não toquei, as vezes que não deixei que me levassem... não foram em vão, não foram um senão, não foram uma desilusão... foram uma libertação...

Poetic Girl disse...

partilho desse medo também... :) bjs