In: Resquícios de um devaneio



Numa das minhas últimas viagens de Bus em Braga, e perdida em devaneios omissivos, os meus olhos sequiosos de resoluções, ou simples sinais acanhados ou pistas que me desfocassem o caminho de volta, [de volta?] … encontraram estas palavras num dos muitos cartazes que davam voz às janelas dos autocarros no caminho para algures, ou no meu caso para nenhures. Sorri. Porque tinha acabado de ver o meu pensamento esparramado na janela embaçada de sonhos. Translúcida... Cáustica....

Podia-se ler:


Não vale a idade

Embala-me como se não me quisesses tirar da prateleira
deste-me um prazo sem validade para não ter que esperar
e quando me acharam feio foste tu quem foi provar
que estava enganado por me achar podre por dentro

sabia que a fruta que te adoça a boca não podia ser ruim
que as ameixas que te sujam a roupa não podiam ser assim
se elas fossem mesmo más não estariam junto a mim
quando o meu lindo és tu
e se caio?
e se seco?
e se quebro antes do fim?

esta espera que é para já
mata-me por ser agora
esta vida de tão curta
sabe sempre a uma demora
.

... resquicios de um devaneio
in "o cheiro da sombra das flores", de João Negreiros- [Transportes Urbanos de Braga],

1 Vizinho(s) mais amarelo(s):

m.a.r.o. disse...

Bi...sabes que sou um workaholic?

e assim aproveito para citar João Negreiros... uma boa mensagem, para mim e para ti! Para todos nós.


O emprego das palavras

gosto de trabalhar
faz bem
a mim e aos outros
que também trabalham
até que se apaixonam
as pessoas gostam de paixão no trabalho
pena que não trabalhem com paixão
mal empregado amor


trabalha a tua vida com paixão... e assim, nenhum resquício do teu amor, terá sido mal empregado

bjs.