Grande pormenor

Fazes-me pensar no verdadeiro tamanho das coisas, no verdadeiro valor das coisas. Fazes-me questionar. Sempre achei que dava importância aos pormenores, mesmo sabendo que isso pode trazer problemas, porque o que para mim é importante, para outra pessoa é uma bagatela.
Mas quais os parâmetros que usamos para medir o que é pequeno ou grande? Que régua vamos buscar para medir o valor de uma coisa?
Os pormenores que colocas em cada gesto teu, em cada palavra largada no vento, em cada tentativa de me fazer sorrir, são tão grandes que é impossível não os querer guardar todos como relíquias, como se de pérolas se tratassem. Fico sempre indecisa, nunca sei se goste mais dos detalhes, ou do bolo no seu todo. Parece que para ti não há limites, que tudo o que tivesses vontade de dar, me darias, sem pensar se era grande ou pequeno, sem pensar em tudo o resto.
As prendas que eu dou têm que ter um significado, um valor especial. Tem que ser a prenda certa. Não interessa o dinheiro gasto, e quando digo isto significa que não interessa se custou pouco dinheiro... A prenda pode ter o tamanho de um grão. Se for um grão de açúcar, pode ter a capacidade de adoçar uma vida.
Em relação a sentimentos ainda é mais complicado. O tamanho, o valor do que sentimos é difícil de conseguir descrever. Não se podem medir emoções, não se podem medir desejos, não se podem medir sentimentos. Comparar podemos, aliás todos nós vivemos de pequenas ou grandes comparações, mas não podemos afirmar que o que sentimos é mais ou menos do que outra pessoa sente.
Eu sei o que sinto, mesmo não sabendo bem o tamanho disso em ti. E também sei o valor que dou ao que me dás... desde os mais pequenos grãos de ti até às mais altas montanhas de ti.
Parece mesmo que para ti não há limites. Se eu te pedisse qualquer coisa, tu irias pelo menos tentar dar-me, mesmo que soubéssemos que era impossível.
Não sei onde guardas as miudezas que te vou dando. Nem sei se guardas todas as migalhas que vou deixando enquanto caminho. São pequenos pormenores, tão pequenos, tão pequeninos... mas que eu queria que ficassem marcados como sinais escuros numa pele branca, como frias cicatrizes em tons de azul.
Independentemente do tamanho e valor (monetário) as coisas têm o valor que lhes quisermos dar... Este é um grande pormenor!

Gostava de não pensar no tamanho nem no valor de uma coisa. Gostava de não ter limites, gostava de não ter barreiras, gostava de dar sem pensar. Pelo menos hoje. Hoje, porque é hoje, e porque ontem foi ontem. Gostava de te dar o meu mundo!
E eu sei que tu ias aceitar.



3 Vizinho(s) mais amarelo(s):

Ilusão disse...

Das coisas que mais gosto deste bairro é de me compreender em palavras... confesso que também por vezes é das coisas que mais irrita. Pela frustacao de nao as ter escrito primeiro!!

m.a.r.o. disse...

Este bairro tem muito de nós, os que o visitamos religiosamente.
A maior parte das vezes, é tão difícil colocar aqui letras, tal a imensidão de coisas que à volta dos textos evaporam nos nossos olhos, nos nossos sentidos. Durante muito tempo fui lendo, e lendo e sentindo e sentindo... e muitas vezes aconteceu o que hoje aconteceu, gostar tanto do que li e no quanto me vi nestas palavras, e não conseguir começar sequer este comentário.
Mas hoje a Ilusão fez-me escrever. Porque também eu senti muitas vezes a frustração de ler o que gostava de ter escrito... mas hoje não sinto frustração alguma! Porque a forma como a Pérola escreve, descreve, acrescenta letras azuis que não são frias, à minha vida, faz-me sentir parte dela, e faz-me sentir que ela faz parte de mim. Como se desde sempre, eu estivesse algures entre os seus olhos e o ecrã, entre os seus dedos e as teclas, entre os pensamentos quando ordena as palavras, e os sentimentos que elas me trazem, sentimentos que sempre cá estiveram.

Pérola, porque é de mim que tu falas quando escreves, porque é de ti que tu falas, é da Ilusão que tu falas, falas de toda esta gente, este teu rebanho que te segue os passos, este rebanho que deixa em ti, o desejo que continues a mostrar-nos, as nossas próprias palavras.

"Deixa a tua marca!" aparece sempre que tento fazer um comentário aqui...
Pois hoje, a única marca que existe em mim que posso deixar aqui, é a tua própria marca: uma Pérola Negra!

Pérola Negra disse...

Ilusão: É tão bom quando somos compreendidos, não é? Quando falamos a mesma linguagem, quando temos ideias comuns... Volta sempre, mesmo que seja para ficar irritada! Tanto faz sermos nós ou tu a escrever, desde que se escreva!