AINDA QUE TU ESTEJAS AÍ

AINDA QUE TU ESTEJAS AÍ

e eu esteja aqui estaremos

sempre no mesmo sítio se
Fecharmos os olhos serás sempre tu
e tu que me ensinarás a nadar

seremos sempre nós sob

o sol morno de julho e o véu ténue
do nosso silêncio será sempre o
teu e o teu e o meu sorriso a cair
e a gritar de alegria ao mergulhar
na água ao procurar um abraço que
não precisa de ser dado serão
sempre os teus e os teus e os meus
cabelos molhados na respiração
suave das parreiras sempre as tuas
e as tuas e as minhas mãos que não
precisam de se dar para se sentir
ainda que tu estejas aí e tu estejas aí e
eu esteja aqui estaremos sempre
juntos nesta tarde de sol de Julho
a nadarmos sob o planar sereno dos
pombos no tanque pouco fundo da
nossa horta sempre no tanque fresco
da horta que construíram para nós
para que na vida pudéssemos ser

mana e mana e mano sempre.

José Luís Peixoto

1 Vizinho(s) mais amarelo(s):

Inées Aveiro disse...

Poema perfeito (: José Luis Peixoto deve ser o melhor escritor português, pelo menos para mim.