O mar


Acordei com a certeza de que hoje era um dia para ficar fechada em casa. Um bom dia para me aninhar no sofá, ou para nem sequer sair da cama e deixar-me ficar assim no escuro. Não quero ver. Não quero saber. Não quero sentir. Nada. Absolutamente nada. Parece que ultimamente tudo me puxa para o abismo.... Tudo me puxa pra baixo. São umas atrás das outras. Mais um soco da direita, mais uma pancada da esquerda. Sei que tenho que saber aguentar com tudo, tenho que conseguir levantar-me depois de cada queda, depois de cada combate, depois de cada desilusão. Mas há dias assim, em que só apetece fechar os olhos, não resistir, não lutar e entregar-me à derrota. Acordei com a certeza de que hoje ia ser um desses dias. Talvez porque foi com essa mesma certeza que me deitei.
Mas, depois de uns minutos em que me recusei a abrir os olhos, e despertar para o mundo, ouvi ao longe o som do mar. Se o mar chamava por mim, não poderia deixar de ir ter com ele. Não podia deixar de o ir ver. Não podia deixar de ouvir o barulho das suas ondas, que vêm e que vão, sem parar, e deixam sempre algum sal na areia da praia. Eu precisava dessas ondas, desse sal, desse mar. Fui. Na esperança do mar me acalmar. Mesmo sem ele saber disso...
Curiosamente não vim do mar mais salgada, vim mais doce.

2 Vizinho(s) mais amarelo(s):

Bibendum disse...

E é este mar que nos embala na doçura das suas ondas. Acalenta-nos com o som da sua tranquilidade. Ouve a sua voz.

Anónimo disse...

Às vezes o mar aparece quando mais falta faz... às vezes o mar adivinha quando nos chama...às vezes o mar precisa de, além de deixar algum sal antes de ir, levar alguma da areia com ele, para devolver quando voltar...

o mar...