Pontes


O reencontro foi numa ponte. Bem no meio da ponte. (Chega a ser irónico...) Tal como disseste, apareceste várias vezes, ao virar da esquina, ao sabor do sopro forte do vento. Mas eu não te queria ali! Por minha vontade fechava-te numa caixinha. Uma caixa especial, que não reprimisse os teus sentimentos, que não atrofiasse o teu eu mais íntimo, mas que te resguardasse dos acontecimentos que não podes controlar. Não queria que sentisses que algo te foge das mãos. Não queria que visses os sorrisos tão ansiosamente esperados. Não queria que ouvisses os suspiros contidos tanto tempo. Não queria que visses os dedos entrelaçados, os beijos intensos. Não queria que sentisses os corpos colados, o calor libertado por todos os poros.
Não queria. Tu não. Por isso, se pudesse, para te proteger, fechava-te numa caixa mágica, onde não sentisses nada, onde não visses nadas, onde não ouvisses nada...
Que nunca caiam as pontes entre nós.

1 Vizinho(s) mais amarelo(s):

m.a.r.o. disse...

essa caixa existe! chama-se coração!
Mas no coração sente-se tudo...