Do outro lado da margem


Andei perdida nas águas mais turvas, nas zonas mais sombrias, nos sítios mais fundos. Lutei contra as forças que me puxavam para baixo, consegui chegar à tona da água e respirar. Deixei-me estar a boiar, a reviver essa forma de viver calmamente, a saborear a paz que tinha encontrado. Ainda não tinha chegado à margem mas, se continuasse assim, iria chegar um dia.

É impressionante essa tua forma de me quereres prender. A todo o custo. Quando consigo nadar por entre as águas mais frias e mais agitadas e chegar à linha da água que faz fronteira com o ar, tu puxas-me novamente para baixo. Empurras-me. Fazes de tudo, sem medir palavras e gestos, para que eu não consiga chegar à margem.
Não consegues lidar com as verdades, que te digo cruas. Não consegues lidar com a culpa, que não te deixa dormir. Não consegues lidar com o facto de eu neste momento estar a nadar para o outro lado e teres sido tu que me atiraste à água. E sobretudo, não consegues sequer imaginar que alguém me possa ter dado a mão para me salvar e nunca mais a tenha largado. Uma mão bem diferente da tua... Uma mão mais bonita, mais forte, mais sincera. Uma mão à medida da minha . E é com a minha mão (que não largavas e que continuas a querer não largar) que agora te digo adeus, ao longe, do outro lado da margem.

2 Vizinho(s) mais amarelo(s):

m.a.r.o. disse...

Espero sinceramente que a tua mensagem passe... definitivamente!

m.a.r.o. disse...

Curioso o teu horóscopo hoje no JN