Por onde andas?

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Cansada, parou para descansar.

Os seus pés maltratados pelas curvas do tempo gritavam de dor dentro dos sapatos que escolheu naquele dia. Apertam-lhe a alma a cada passo, tornando o caminho errante cada vez mais longe. Doem-lhe os pés, pois claro, estão calejados depois de terem caminhado quilómetros de emoções. As pedras na estrada foram muitas, cada vez mais e maiores. Foi andando. Como se diz por aí. Andando…

Cansada. Parou para descansar.

Levava na mala que lhe escorregava pelo ombro descaído uma única certeza. Não haveria atalhos. Sem o mapa que deixou algures na gaveta do passado restava-lhe carregar na mão um sorriso rompido que o vento foi apagando e com ele foi andando… como se diz por aí; Andando.

Cansada. Parou para descansar.

Com o pensamento roçando os calcanhares da perfeição, ela não podia mentir a si própria, estava cansada e tinha que parar, mas também só estaria mentindo se tivesse consciência disso, não tinha. Porque não é aquilo que queria sentir, mas é o que sentia sem querer. E por isso, foi andando. Como se diz por aí. Andando…

Cansada. Parou para descansar.

Agachada, enquanto recuperava o fôlego do amanhã, vê a vida a passar por ela. Ora, como se esqueceu do mapa algures naquela gaveta do passado, levanta-se para a apanhar. À boleia, vai andado. Como se diz por aí; Andando.

1 Vizinho(s) mais amarelo(s):

Anónimo disse...

Posso sugerir-te que escrevas sobre a inocência de uma criança? :) Não sei porquê, mas acho que ia ficar um texto muito giro. :)

Beijinhos